ATAQUE A HOSPITAIS DE GAZA DIFICULTA SAÍDA DE BRASILEIROS

Reuters/Evelyn/Hockstein

Estrangeiros só deixarão região após retirada de palestinos feridos

Entre os hospitais atacados nesta sexta-feira está o maior da Faixa de Gaza, o Al-Shiva, que fica na cidade de Gaza. “As forças de ocupação israelenses atacaram o Complexo Médico Al-Shifa cinco vezes consecutivas e ainda têm como alvo as proximidades do hospital”, informou a entidade palestina.

Em uma rede social, o secretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, comentou sobre os “relatos horríveis” que estão chegando sobre o ataque ao Al-Shiva e destacou que as vidas de milhares de pacientes, funcionários e civis deslocados, estão em risco.

“Ao abrigo do direito humanitário internacional, os hospitais devem ser protegidos. Como já disse antes, os atos de guerra em lugares protegidos devem parar. Na verdade, eles nunca devem acontecer”, afirmou.

De acordo com o direito humanitário internacional, atacar unidades de saúde configura crime de guerra.

Também nesta sexta-feira, a PRCS informou em uma rede social que “as forças de ocupação israelenses abriram fogo contra a unidade de terapia intensiva do hospital Al-Quds”. O hospital Al-Quds, na cidade de Gaza, está sob os cuidados dessa organização.

“Um mártir e 28 feridos entre os deslocados no Hospital Al-Quds, a maioria crianças, com dois deles em estado crítico devido aos atiradores de elite da ocupação que visavam o hospital. Além disso, há ferimentos causados por estilhaços de artilharia a oeste do hospital”, publicou hoje o PRCS.

Israel tem defendido que o grupo Hamas constrói túneis embaixo das unidades da saúde, colocando os civis em risco. Todos esses hospitais ficam na parte norte do enclave palestino, onde Israel informa que tem concentrado as batalhas contra o Hamas. A Embaixada de Israel no Brasil foi procurada para comentar as informações, mas não respondeu aos questionamentos.

Além do hospital Al-Shiva, há relatos de confrontos em torno dos hospitais infantis Al-Rantisi e Al-Nasr, ambos no centro da cidade de Gaza, o que teria levado a incêndios no Al-Rantisi e a suspensão de serviços prestados pelas unidades. “As forças de ocupação israelitas sitiam os hospitais infantis Al-Rantisi e Al-Nasr, expondo as vidas de milhares de pacientes, pessoal médico e pessoas deslocadas”, diz a comunicado do Ministério da Saúde de Gaza.

Além disso, o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) informou que o único hospital psiquiátrico de Gaza deixou de funcionar “depois de sofrer danos devido a um ataque do dia 5 de novembro”.

Brasileiros em Gaza

Os 34 brasileiros ou familiares foram autorizados a deixar a Faixa de Gaza, mas não conseguiram atravessar a fronteira de Rafah com o Egito porque há um entendimento entre os atores responsáveis pela evacuação dos estrangeiros de que as pessoas de outras nacionalidades só podem sair da zona de guerra depois dos feridos, segundo informou nesta sexta-feira o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Viera.

Hoje passaram ao menos 12 crianças com câncer ou outras doenças para o Egito e Jordânia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Porém, ainda há dezenas de feridos retidos no norte de Gaza, segundo o Escritório da Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia ocupada. O embaixador do Brasil no local, Alessandro Candeas, disse que a forte presença militar israelense e os combates ao redor de hospitais impedem ou dificultam a saída das ambulâncias.

“Se ambulâncias puderem sair amanhã, os estrangeiros também sairão, inclusive nossos brasileiros. Estamos todos mobilizados. Assim que sair a notícia da abertura da fronteira, levaremos em poucos minutos todos de novo para lá”, informou.

Em nota, a Embaixada de Israel no Brasil disse que, “apesar dos muitos esforços de Israel e do Brasil, o Hamas impediu hoje a abertura da passagem de Rafah e impediu que os cidadãos brasileiros saíssem da Faixa de Gaza”.

Edição: Aline Leal

Agência Brasil

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